Uma aventura em outro
planeta que explica a origem dos mitos. Não seria o máximo se fosse verdade?
Confesso que passo por fases cinéfilas obsessivas. Já tive
minha fase Colin Firth, Mark Ruffalo, Michael Fassbender, enfim, atores cuja
atuação é sempre boa de assistir, mas há um em especial em meu coração
que até me ajuda nas minhas lições de Inglês: JAMES SPADER. Se Colin Firth e seu Mr. Darcy despertaram meu
interesse em estudar a língua anglo-saxônica, James Spader e seus personagens
me fizeram cair de amores por ela. Mais lembrado como o colega arrogante da
protagonista de “A garota de rosa-shocking”, o muy amigo de “sexo, mentiras e videotape” e o advogado sexy e
excêntrico de “Secretária”, Spader é simplesmente aquele tipo de ator que
preenche o enredo e o carrega no colo, se precisar. E quase sempre são
histórias intrigantes, como este “Stargate”.
James Spader como o egiptólogo e linguista Dr. Daniel Jackson. |
“Stargate”
levanta uma questão que eu, quando estudante de Letras, já vi debatida em
seminários: como se formou a Cultura Antiga? De onde vêm todos os mitos? Terão
uma origem comum? Tal é a missão dada ao Dr. Daniel Jackson (James Spader),
egiptólogo e estudioso dos hieróglifos egípcios (um linguista.). Em outras
palavras, ele é um completo nerd: vive para o trabalho, tentando provar suas
teorias de que as pirâmides do Egito são anteriores à sua cultura – o que leva
a se tornar motivo de chacota pela comunidade acadêmica. Despejado e sem
dinheiro, ele é convidado (ou melhor, convocado) por uma senhora misteriosa,
Catherine Langford, a participar de uma pesquisa envolvendo os hieróglifos
talhados em lajes antigas encontradas no Planalto de Giza décadas atrás. De
cara ficamos sabendo que a coisa é importante, pois o lugar aonde Jackson é
levado é no subterrâneo, guardado por militares. O que os cientistas não
conseguiram em dois anos, Daniel, com sua incrível capacidade e conhecimento,
leva duas semanas para descobrir: as lajes egípcias são uma espécie de mapa
para algum lugar ignorado. É aí que o verdadeiro motivo de tanto segredo se
revela: um enorme portão de 30 metros de diâmetro feito de quartzo e um metal
desconhecido, que também foi encontrado no Planalto de Giza. Segundo os estudos
de Daniel, o portão é chamado de Stargate, que é acionado tão logo o egiptólogo
identifica o sétimo símbolo desenhado nas lajes. Com os militares querendo
fazer uma missão de reconhecimento, Jackson se oferece para integrar a equipe
do Coronel O’Neil movido pela curiosidade científica: o que o Egito Antigo tem a ver com o Stargate? A resposta não
demora a vir: atravessando o portão, a missão é levada a um planeta da galáxia
Kaliam, do outro lado do Universo – e vejam só o que eles encontram por lá: uma
enorme PIRÂMIDE IGUAL à de Giza. A desprezada teoria de Daniel estava
certa!
Atravesse o Stargate e encontre... |
... num planeta muito, mas MUITO distante, uma pirâmide igualzinha às do Egito! |
Lá eles
também encontram uma civilização primitiva trabalhando numa espécie de mina e
(que cena empolgante!) ao tentarem estabelecer contato, o povo toma Daniel como
ser superior – o que é bem engraçado, se levar em conta as cenas anteriores.
Levados à cidade, logo percebem o porquê: os nativos têm Rá, conhecido deus
egípcio, como deus único, e Daniel carrega um pingente com o Olho de Rá, presente
da sra. Catherine: é o suficiente para que o povo o trate como enviado divino!
Eles fazem uma festa em homenagem ao egiptólogo, lhe dão comida, banho e até
uma “prenda” (cena hilária!), que, aliás, o ajuda a aprender a língua dos
nativos. Desse modo, ele descobre a história por trás do Stargate: Rá é,
ninguém mais, ninguém menos, que um alienígena!
Fugindo da extinção, Rá encontrou aquele planeta e decidiu ser o soberano
eterno do lugar, construindo o Stargate para se conectar a Terra e levar
pessoas daqui para escravizá-las por lá. Contudo, os terráqueos se revoltaram e
enterraram o portão, e com receio de que a mesma coisa acontecesse em seu
“reino”, Rá baniu a leitura e a escrita para que aquele povo nunca se lembrasse
da verdade. Impossibilitados de voltar à Terra, Jackson, Coronel O’Neil e a
equipe voltam para a pirâmide a fim de encontrar o sétimo símbolo, mas são
surpreendidos por Rá e sua guarda. Pronto, temos o maior conflito do filme:
Humanos contra “deuses”. A vinda dos terráqueos muda a perspectiva da população
escravizada, que agora quer se ver livre da ameaça que Rá representa.
Contato imediato melhor que esse não há! |
Coronel O'Neil (Kurt Russel): tudo pela missão. |
Importante
destacar o papel do Coronel O’Neil na história: traumatizado com a perda do
filho, ele não quer envolver ninguém numa luta que não considera válida, prefere
destruir o Stargate e a si mesmo, se precisar (aliás, essa era a sua missão
desde o início). É o egiptólogo que o faz perceber o óbvio: de nada adiantaria
destruir o portão e deixar o povo sob o jugo indigno da escravidão; “Ninguém
aqui quer morrer”, diz Daniel. E todos ali têm motivos para viver: os nativos
querem sua liberdade, os soldados querem voltar para casa e Daniel... bem, ele
agora tem Shau’ri, a bela nativa com quem se CASOU sem saber – aliás, a cena em
que ele descobre que está casado com a moça é ao mesmo tempo engraçada e
romântica, afinal, um homem que vivia para a sua pesquisa sem ter
reconhecimento algum, encontrar o amor verdadeiro é SIM motivo suficiente para
arriscar tudo, inclusive a missão e a própria vida. A cara de bobo de Daniel Jackson
é muito fofa – é clichê, claro, mas como funciona!
Daniel e Shau'ri: Amor em meio a adversidade. |
“Stargate”
é um filme que faz pensar em como seria incrível se a Civilização Antiga
tivesse sido criada por alienígenas; explicaria muita coisa! Esse tipo de
indagação, inclusive, é tema de documentários de canais respeitados, como o
Discovery e o National Geographic. Estudamos tanto esta parte da História que é
interessante especular o quanto de extraterreno há na Antiguidade, com aqueles
deuses morando em montes, vindos do céu em carruagens de fogo, metade homem,
metade bicho... Explicaria também porque todas essas culturas desapareceram até
sobrarem apenas as pistas. Com todos aqueles milhões de dólares gastos para
pesquisar Marte, e a prova da existência de vida em outros planetas está bem
debaixo de nossos narizes! No fim, Jackson tem razão quando questiona: quando é
que a comunidade científica começará a fazer as perguntas certas? Está bem, eu
sei que “Stargate” é só um filme, que é pura fantasia, que o meu amor por James
Spader é maior que tudo, mas convenhamos, a ideia central do enredo não deixa
de ser válida! É até mais plausível que “Avatar”, sim, aquele do bichão azul em
3D: mesmo com os efeitos especiais limitados pela época (o filme é de 1994),
“Stargate” consegue ser coerente quando conecta dois mundos diferentes com
raízes históricas semelhantes: uma raça primitiva com futuro promissor que
encontra meios de se libertar daquele que a impede de evoluir. Um novo céu, uma
nova terra, uma nova visão de mundo – tanto para uns, quanto para outros.
P.S.: Outro dia comento outro filme com James Spader:
“Secretária”.
P.S.²: Quem quiser saborear o trabalho dele, Spader está no
ar como o protagonista da série “The Blacklist”. O homem tá cinquentão, mas
quem se importa? Ele é que nem vinho: uma delícia! <3
Saudações
ResponderExcluirO filme parece ter explorado este verdadeiro dogma sobre a antiguidade humana que, de certo, poderá assim permanecer por muito e muito tempo ainda. Não que seja um malefício, mas ficar à par de como tais construções foram erguidas, em meio à tantos estudos, é deveras empolgante.
Parece que tu canalizou muito bem o enfoque do filme, nobre Eveline.
Ótimo texto.^^
Até mais!