Eu
já revelei dias atrás que a minha paixão pelo cinema surgiu quando eu tinha
quase dez anos. De lá para cá, assisti a tantos que nem atento ao número exato
de produções que passaram pela minha retina míope. Mas, mesmo com cinco graus
em cada olho e ainda 1,25 de astigmatismo na visão esquerda, nada me impediu
que eu apreciasse filmes, dos maravilhosos aos nem tanto assim, e alguns deles
me marcaram com cenas que simplesmente imprimiram-se na minha memória. Quando
alguém me pergunta qual é o meu filme preferido, eu respondo que tenho vários.
Eis abaixo aqueles que não saem da minha lembrança – a famosa lista dos dez
favoritos. Começando em ordem decrescente...
10. O naufrágio do
Titanic, em “Titanic” –
Há quem diga hoje em dia que o filme de James Cameron beira a pieguice, mas
convenhamos, foi o filme certo no momento exato. Da técnica à trilha sonora,
tudo perfeito. Quanto ao enredo, podem me chamar de mórbida, mas para mim, o
filme só melhora quando o transatlântico bate no iceberg. O desespero, a
angústia, o medo da morte e o instinto de sobrevivência, estão todos ali. Vão
me dizer que a cena de um solitário bote salva-vidas navegando sobre cadáveres
congelados não consegue despertar compaixão pelas vítimas reais do acidente?
Devido a essa cena fiquei meses sem viajar de barco pelos rios amazônicos, meus
amores.
9. O dia D, em “O
resgate do Soldado Ryan”
– Não há nenhum outro filme de guerra que se compare às cenas inicias do filme
de Steven Spielberg. Alguns dizem que o chamado dia D foi uma jogada de
marketing dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, pois os nazistas àquela altura
já estavam derrotados. Difícil acreditar quando se vê as balas atravessarem os
corpos dos soldados dentro da água... E a câmera nos inserindo na ação, já na
praia? O medo toma conta do espectador, e a sensação de perigo é constante,
mesmo que estejamos confortáveis na poltrona da sala ou do cinema.
8. A quebra do feitiço
de Fera, em “A Bela e a Fera” –
Mas por que filme da Disney? Ora, a cena em que a Fera volta a ser Príncipe é
uma das mais bem feitas realizadas pelo estúdio do Mickey, tanto na parte
técnica quanto de todo o resto. A trilha sonora que vai crescendo à medida que
Fera se transforma, e explode quando ele se revela humano contribui para essa
cena específica ser A MELHOR de todos os filmes da Disney, sendo desbancada
apenas por...
6. A morte de Mufasa,
pai de Simba, em “O Rei Leão” –
Do estouro dos gnus, reproduzido de forma impressionante, à fuga de Simba,
enganado por Scar, a morte do pai do leãozinho é de derreter o gelo da mais
fria das criaturas. Dá vontade de gritar: “Foi o Scar! Foi o Scar!”
5. O encontro entre o
pianista judeu e o oficial nazista, em “O pianista” – Adrien Brody passa o filme quase todo
fugindo dos nazistas, se escondendo em lugares improváveis, escapando por um
triz... E por causa de uma lata de picles em conserva é pego por um soldado
alemão. Só mesmo o talento de tocar “Balada nº 1 em Sol Menor” de Chopin, de
forma tão magnífica a ponto de comover o oficial, foi capaz de salvá-lo da
morte certa. E sem largar a lata de picles. Obrigada, Roman Polanski.
4. Todas as cenas de
Jack Lemmon, em “Quanto mais quente melhor” – Tony Curtis é o galã, Jack Lemmon é o coitado que
sempre se dá mal. E é Jack que segura o filme inteiro, sobre dois músicos que
testemunham um crime e, para fugir da máfia, se vestem com roupas femininas e
embarcam num trem para tocar numa banda composta só por mulheres, cuja
vocalista é ninguém mais, ninguém menos, que Marilyn Monroe (num de seus
últimos filmes de sucesso). Enquanto Curtis não desfaz o bico, Lemmon
simplesmente rouba a cena em situações para lá de inusitadas. Difícil não rir.
3. Liam Nessom vê
cadáveres sendo incinerados em campo de concentração, em “A Lista de Schindler”
– Eis o filme que
despertou meu gosto para o cinema, quando assisti a premiação do Oscar de 1993.
E por que ele está em terceiro, e não em primeiro? Bom, eu só pude vê-lo bem
mais tarde, devido ao conteúdo forte, e nesse decorrer eu já havia assistido
aos dois primeiros lugares... Bom, o fato é que a cena onde o personagem de
Nessom assiste horrorizado à exumação e posterior cremação de corpos de judeus
assassinados pelos nazistas me impressionou de tal maneira, que eu não
conseguia parar de chorar nos dias que se seguiram – chegando a preocupar a
coordenadora da minha escola. Óbvio que não contei o motivo da choradeira.
Ninguém nunca leva a sério quando alguém admite que é do tipo que chora quando
assiste a um filme. Ainda mais adolescente!
2. Rhett Butler abandona
Scarlet O’Hara, em “... E o vento levou” – Vou te contar, hein? A mulher passa o filme inteiro
correndo atrás de um cara muito menos fascinante que o Rhett Butler, MARIDO
DELA, e quando finalmente Scarlet O’Hara se dá conta de que é a ele que ela ama,
este a abandona. Como não vibrar ver Clark Gable dizendo para uma chorosa
Vivien Leigh: “francamente, minha cara, eu não dou a mínima!”? Bem feito,
Scarlet, quem manda?
E
o primeiro lugar vai para...
1. Charles Chaplin
correndo para salvar Jackie Coogan, em “O garoto” – Chaplin sabia melhor que ninguém
como emocionar o público. A história do Vagabundo que adota um órfão cativa
logo na primeira pedra, e sem percebermos, estamos simplesmente apaixonados
pela dupla. Tão ligados a eles ficamos que, quando a polícia surge para tirar o
garoto da casa do Vagabundo, nós choramos com o desespero de ambos,
compartilhamos a dor que ultrapassa o limite do preto-e-branco através dos
olhos azuis muito claros e arregalados de Chaplin, e torcemos para que ele
consiga alcançar o carro que leva Coogan para longe. E quando finalmente pai e
filho se abraçam aliviados, também assim ficamos. Isso é arte da mais pura,
meus amigos. Isso é cinema!
Menção Honrosa: Audrey
Hepburn e Rex Harrison se encontram pela primeira vez, em “My fair lady” – O encontro entre um professor de
linguística e uma florista pobretona que consegue falar mais errado que o
Cebolinha, logo no início deste musical, é engraçado e tremendamente bem
realizado. Audrey Hepburn, acostumada a interpretar personagens refinadas,
surpreende ao interpretar uma completamente oposta a tudo que ela já havia
feito. Se bem que não dá para não pensar em como seria o filme se a
protagonista fosse interpretada por Julie Andrews, que era a detentora do papel
nos palcos da Brodway. Mas tudo bem, o filme é loverly (“adorárvel”) mesmo assim.
Então,
aí está. Minha lista de cenas favoritas de filmes que marcaram a minha memória.
Isso diz muito sobre a pessoa, não é mesmo? E só agora reparei que boa parte
são filmes de guerra. Nossa, essa até eu não imaginava! E quanto a você? Que
cena de filme mais te marcou? Comente aí! Gostaria de saber sua opinião.
Boa Noite! Sua maneira de escrever e colocar cada palavra é muito especial. Você conseguiu prender a minha atenção com os detalhes que quase passam despercebidos quando vivemos situações.
ResponderExcluirMas você escrevendo essas situações, faz a gente sentir também os seus sentimentos; como foi e como é cheio de vida.
- Mas por que estou exaltando esses detalhes?
- Porque eu gostaria de comprar um livro escrito por você e porque acredito que essa teria que ser a sua empreitada e jornada.
- Pense nisso, não deixe passar em branco!
Alem de gostar de escrever você fará muita gente gostar de ler.
Um abraço
Antonio