segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

OUTROS ESCRITOS - OPINIÃO: A onda das “sagas literárias” que morrem na praia

Histórias longas já estão me cansando. E quanto a vocês?

        



No mundo da Literatura, sempre existiram autores que fizeram fama através de livros e mais livros protagonizados por um único personagem: Agatha Christie, Artur Conan Doyle, só para citar exemplos. No geral, apesar do protagonista ser o mesmo, a história era sempre diferente, com começo, meio e fim. Havia também aquelas aventuras que duravam por mais de um livro – J. R. R. Tolkien e seu Frodo que o diga. Contudo, de uns anos para cá, o que se vê são uma enxurrada de histórias que se prolongam por volumes e mais volumes, onde se vê claramente o apelo comercial sobrepujando a criatividade dos escritores, se é que há alguma.

As “sagas literárias” viraram modinha na virada do século XX para o XXI, e ainda estão aí. Parte da culpa, digamos assim, é de Meg Cabot e J.K. Rowling, autoras de “Diário da Princesa” e “Harry Potter”, respectivamente. Por um lado, isso foi bom, pois despertou centenas de milhares de jovens para o mundo da Literatura. Por outro, abriu portas para outros escritores não tão talentosos assim em diversas esferas literárias, e àqueles que surgiram como promessa e não passaram disso. São os casos de E. L. James e Stephenie Meyer. Antes que joguem pedras nesta que vos escreve, permitam que apresente meus argumentos (e discordem educadamente, se for o caso): a autora de “Cinquenta Tons” NÃO é uma boa escritora. É alguém que farejou um nicho pouco aproveitado e agarrou a oportunidade, prolongando isso por mais dois desnecessários volumes. Já Meyer, autora de “Crepúsculo”, tinha uma premissa boa que já havia sido utilizada por outros autores, deu um sopro de novidade a um produto que dava sinais de cansaço (as histórias de vampiro), mas simplesmente desperdiçou isso nos três volumes seguintes. Quanto mais a narrativa prosseguia, mais se diluía, resultando na sensação de que teria sido melhor se a história encontrasse seu ponto final ainda no primeiro livro. Infelizmente, como dito no parágrafo anterior, o apelo comercial nesses casos foi enorme e é aí que entram aqueles que detêm a maior parte da culpa: as editoras, e por que não?, os leitores.

Entendam: a leitura não é uma atividade realizada pela ampla maioria da população mundial por diversos motivos (analfabetismo, má Educação, etc.). Então é óbvio que, quando um livro chama a atenção e se torna um best-seller, as editoras procuram um meio de prorrogar o sucesso pelo maior tempo possível. E uma garantia para que isso aconteça é o alongamento da história por vários volumes, já que a tendência é o número de vendas do lançamento superar as do livro anterior, afinal, todo mundo vai querer saber o que acontecerá com aqueles personagens. Não importa se o argumento, o tema ou o estilo de escrita é bom ou ruim, se está vendendo, é ótimo; quem reclama é porque não entendeu a história ou é muito “cabeça” ou “careta” para esta literatura. E haja brigas e discussões entre os “fãs”, que defendem autor e livros, e aqueles que não viram nada de interessante na tal “saga X”, “trilogia Y”, “série Z”. E caso não tenham notado, tamanho bate-boca deixam as editoras e autores maravilhados com tamanha publicidade gratuita que só faz aumentar a curiosidade geral e, consequentemente, as VENDAS. E haja lançamentos de autores com suas “sagas literárias” que se estendem por vários e vários livros, arraigando fãs apaixonados e cansando outros com a embromação narrativa.

Enfim, parece que essa modinha demorará a passar, para a felicidade de uns e suplício de outros, visto que as livrarias estão abarrotadas de lançamentos do tipo. São tantos que até sinto falta de uma história completa, com começo, meio e fim, num único livro. Não estou afirmando que bons livros são somente aqueles que contam tudo num volume só – há “sagas” muito bem escritas –, estou apenas dizendo que, se há algum autor com uma narrativa por escrever, que o faça de uma vez, por favor, sem esticá-la por um número N de publicações, porque a Literatura, às vezes, é como um elástico: se for muito esticado, ou estraga ou arrebenta. E convenhamos, é melhor ser conhecido por ter escrito vários livros, do que ser eternamente descrito como “autor da ‘Saga X’”. Ao contrário do que se pensa, esse tipo de descrição publicitária deixa de causar boa impressão depois de certo tempo – pois a ideia que isso passa não é que o dito autor escreveu um novo livro, e sim, que deixou de vender. A modinha passa, leva tempo, mas passa, porém o estigma, caros leitores, não sai tão facilmente.

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Nota: A partir deste mês, além das resenhas de filmes e livros, haverá esta seção, "Outros Escritos", que como o próprio nome já diz, publicará textos sobre assuntos diversos: artigos, crônicas, e até mesmo contos. Boa Leitura!

6 comentários:

  1. Saudações


    Os livros mais longos despertam a preguiça de muitos, justamente pela chamada ao tempo para leitura e, em algumas vezes, pela "falta de tato" na interpretação sobre aquilo que se está lendo.

    Por outro lado, deve-se aqui enfatizar que o mesmo tende a ocorrer com as estórias mais curtas, sujeitas à preceitos similares ao das mais longas.

    Concordo contigo na temática aqui proposta e penso até que a mesma poderia servir como título para um debate aberto.

    Muito bom, nobre.


    Até mais!

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  2. Gosto de leitura que me faz pesquisar e ler outros temas e buscar outros suportes para entendê-la por completo. Infelizmente, vivemos numa época, na qual a moda rege até o que se deve ler. Por conta disso, listagens do que é ou não considerado como best selle pouca ( ou nenhuma) influência nas minhas escolhas. Parabéns pela reflexão.

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  3. Também notei essa moda de saga literária e confesso que não tenho paciência para livros com uma histórica dividida em três, quatro volumes. Prefiro histórias como as escritas pelos citados Agatha Christie e Connar Doyle, porque são os mesmos personagens, mas em histórias diferentes, com num seriado. Mas esse também é meu gosto pessoal.

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    1. Olá, novamente! Obrigada pelo comentário. Também prefiro livros que tenham esse sabor de seriado, mas não tenho nada contra quem gosta de sagas. Harry Potter, por exemplo, foi coerente do primeiro ao sétimo livro, prova de que J. K. Rowling soube planejar seus livros muito bem. Mas não posso dizer o mesmo de Stephenie Meyer, pelas razões que citei no texto. Sei que tem gente que vai me massacrar por isso, mas não consigo ver coerência num texto onde um vampiro pode ter filhos, deturpando quase que por completo a mitologia dos vampiros. Valeu novamente pela presença!

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  4. Olá!!

    Acabei de ter conhecimento desse texto só agora, senão teria comentado antes.

    Respondendo a sua pergunta, sim, já estão cansando, tanto que eu estou "passando" e deixando de ler boas histórias (talvez?) justamente se for Saga, seja uma trilogia ou mais livros. Além de você ficar preso numa série, tem histórias com muita enrolação, tanto que atualmente só estou tentando começar sagas pequenas além das quais eu já comecei...

    Sim, já li Crepúsculo e me sinto uma vitoriosa por ter aguentado todos os quatro livros, quando eu deveria ter parado no segundo (o pior da série na minha opinião).

    Ótimo texto!!

    Até mais

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    1. Ah, eu também me sinto uma vitoriosa por ter aguentado ler Crepúsculo até o fim (risos). Eu estou fugindo de romances de saga. Cheguei a ler o primeiro volume da série House of the Night e passei adiante, assim como Diários do Vampiro, e sequer cheguei perto de Jogos Vorazes. Estou à procura de livros com começo, meio e fim. Quando noto que um determinado romance tem continuação, nem cogito comprar ou baixar...

      Você também acha o segundo volume o pior de todos? Toca aqui, colega... E acrescento o quarto também, porque só na cabeça da autora fazer um vampiro, um QUASE MORTO, ser capaz de gerar filhos. É muita piração, Brasil!

      Agradeço a presença!

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