A Copa no Brasil foi a Copa das surpresas e contradições:
grandes seleções caindo na primeira fase, o melhor jogador do mundo passando em
branco, times sem tradição derrubando gigantes... Posso ser sincera?
Estranhamente, para mim, não foi surpresa que a Seleção Brasileira sofresse o
apagão que sofreu no jogo contra a Alemanha. Como assim, Eveline?
Respondam-me: como superar, em tão pouco tempo, tantos
problemas? Uruguai perdeu Suárez, suspenso por ter mordido o jogador italiano,
e caiu nas oitava-de-final, com apagão semelhante. E o Brasil perdeu Neymar,
que teve a coluna FRATURADA pelo jogador colombiano Zuniga, que NÃO FOI PUNIDO
pela FIFA e ainda foi aclamado como heroi em seu país. Isso é para abalar o
emocional de qualquer um. Três, quatro dias é muito pouco tempo para se
reestruturar. Deu no que deu. Vi-me transportada para 1998, aquela final
desgraçada contra a França... Ao menos, na partida de ontem contra a Alemanha,
Brasil teve forças para fazer o chamado gol de honra, feito por Oscar. Os
alemães pareciam sentir que o adversário não estava no seu normal, e passou a
só tocar a bola. No lugar deles, nem comemoraria a vitória, pois o que eu estava
vendo era um animal agonizante levando chute por sete vezes. Eu não gostaria de
passar à final de um campeonato com uma vitória tão amarga sobre uma seleção
simplesmente sem reação. Mas, como dizia a minha falecida mãe (que adorava a
Seleção): JOGO É JOGO. E é uma pena que boa parte da torcida brasileira não
compreenda isso.
As redes sociais viraram um inferno durante e após o jogo;
torcedores abandonavam o estádio quando a Alemanha fez o terceiro gol; um
alemão perdeu a audição ao levar um SOCO de um brasileiro dentro do Mineirão;
ônibus depredados nas ruas e protestos – pelo quê? Digam-me, tudo isso porque a
Seleção perdeu de 7x1? Isso de “obrigação da vitória” é de uma hipocrisia
gritante, chega a dar náuseas ver amigos reclamando de uma forma deselegante no
Facebook, e assistir pela tevê aquela gente que antes cantava o hino à capela
quebrar ônibus e provocar confusões nas ruas porque sua seleção deu “vexame”.
Vexame? Que vexame? Seleção não deu vexame algum, como dito, jogo é jogo, um
dia ganha, outro perde, o importante é seguir em frente com a cabeça erguida.
Vexame de verdade é mostrar pra todo mundo ver como parte da torcida brasileira
reage quando sua Seleção é derrotada: queimando a bandeira, dando porrada, com
quebra-quebra, e coquetéis molotov.
Eu fiquei triste ao ver Scolari e os jogadores tentando
justificar por que não ganharam o jogo. Precisa disso, realmente? David Luiz às
lágrimas, sentindo que não cumpriu o seu papel para com o país, como se fosse
um soldado do exército derrotado. E o que li nas redes sociais durante a
entrevista do rapaz nem vale a pena reproduzir aqui. No Twitter, a hashtag
#DavidOBrasilTeAma foi como um oásis de sensatez num deserto de vergonha (pela
prepotência das pessoas), mostrando que existem sim, torcedores que se mantém
firmes no seu amor ao futebol e à Seleção Brasileira, eu sou um deles. Afinal
de contas, futebol é paixão, e como disse um amigo uma vez, é como um casamento
– e ficarei do lado da Seleção, apoiando nos momentos bons e principalmente nos
ruins. Como se diz nos votos do altar: na saúde e na doença, na alegria e na
tristeza... Na vitória e na derrota. Por isso, Seleção Brasileira, não se
recrimine tanto: perder de vez em quando nos ensina mais do que sempre vencer.
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David Luiz: esse texto é pra você! Seleção Brasileira, te amo!
Gostei das suas leituras. Se um dia encontrares, leia: Na Janela do Vulgar, Luiz Terra
ResponderExcluirSaudações
ResponderExcluirSeu texto sintetiza um dos mais diferentes lados da mesma moeda, nobre Eveline. E concordo com muito daquilo tu descreveu aqui.
Quem bem me conhece sabe a minha opinião que, dentre outras coisas, via como "obrigação" o Brasil ser um bom anfitrião desta Copa (e foi além do que eu julgava que poderia fazê-lo) e que sua seleção ficasse no top'4 da competição (e ficou).
O score final de 7-1 à favor dos alemães provou que muitos erros marcaram a preparação do Scratch para este mundial. Nem cogito falar do psicológico, mas sim dos treinos, dos exercícios, das aulas para campo, que pouco existiram. À facção da torcida que não sabe perder fica, unicamente, o meu repúdio e lamento em potencial absoluto.
Esta Copa foi um sucesso de público, de partidas inolvidáveis, de gols e de algumas provas sobre as reais naturezas do povo brasileiro, a maioria destas extremamente positivas. Fica a lição para os próximos eventos desportivos, todavia.
E que venham as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016!
Até mais!