E a Copa do Mundo começou, apesar da torcida contra. Não
querendo ser antipática, mas já sendo, coisa mais inútil é culpar atletas pelos
problemas sociais do país. Eu, como amante do futebol, estou me deliciando. Só
jogaço! Espanha com o ego mais inflado que baiacu levou lição de humildade da
Holanda por cinco vezes. Italianos e ingleses sentiram na pele o que é ser
cozido a vapor sob o calor de Manaus. Uruguai com o seu fantasma de 1950 foram
exorcizados pela surpreendente Costa Rica. Eu, sinceramente, que acompanho
Copas do Mundo desde 1994, nunca vi jogos com tanta raça como os realizados até
agora (exceto claro, aquele Irã X Nigéria...). Protestantes, manifestantes, e todos os antes deste país, enquanto tomam
tiro, porrada e bombas de efeito moral, os estádios com os assentos mais caros
do mundo recebem os jogos mais emocionantes dos últimos tempos. Beijinhos no
ombro!
Mas falemos do Brasil. Sendo a sede da Copa, coube à
nossa Seleção o tradicional jogo de abertura de um dos maiores, mais ricos e
mais gastadores eventos esportivos do mundo. E logo com a Croácia. Para quem
não sabe, a Croácia é remanescente da antiga Iugoslávia, cuja seleção encantou
nos anos 1970. Ou seja, não seria tão fácil assim. Por mais que adore a nossa
Seleção Canarinho, temos que reconhecer: há tempos que o problema do time é as
laterais livres. A saída de bola para o ataque sai quase sempre do meio de
campo, deixando jogadores importantes fora dos lances. E aí o caminho fica
livre para o adversário que corre justamente por uma das laterais, chuta nas
costas da zaga brasileira e... Marcelo faz gol contra. Coitado, não foi culpa
dele. Quer dizer, foi, mas também não foi. Mas eu tinha certeza que o Brasil
viraria o jogo. E começou, claro, com Neymar. GRAÇAS A DEUS, ele chutou
rasteiro, quase de primeira, e pasmen, fraquinho, que enganou toda a defesa
croata e foi pro fundo da rede. Essa era a receita para a vitória, visto que a
Croácia é especialista em jogadas aéreas. E o pênalti? Foi ou não? Pra mim,
marcou bobeira, tomou. Aquela mãozinha croata no ombro do nosso Fred pode ou
não ter tido a carga para impedir o lance, mas se o juiz apitou quem sou eu
para dizer que não foi? Copa sem polêmica não é Copa. E Neymar, mais uma vez,
pôs a bola em seu devido lugar, com uma ajudinha do goleiro. Já imaginou, gol
contra do goleiro? Pois é.
Agora, o Oscar. Gente, o Oscar. Não é o do Cinema, mas
que artista que o cara é. Não desistiu de uma única bola. Deu o passe para o
primeiro gol quase deitado, entre dois adversários. Aquele passe podemos chamar
de “tomaí”, pois foi aquele tipo desconcertante que tornou a nossa Seleção
conhecida mundialmente. E aquela corrida que resultou no terceiro gol? Parecia
lance de videogame. Cadê meu joystick pra fazer a mesma coisa? O rapaz carregou
a bola, de novo seguido por dois croatas, e não teve dúvidas: tacada certeira
na caçapa do canto. Correu como se corre numa pista, vendo a bandeira
quadriculada à sua frente, e fez o que se esperava naquele instante: CHUTA PRO
GOL, CARAMBA! E ele chutou e fez. Três a um, com louvor. Quem torcia contra,
faça o favor de reconhecer: mesmo com falhas, a Seleção Brasileira fez do jeito
que todo mundo espera. E foi só o primeiro jogo. E eu estarei aqui, torcendo.
Apesar de todos os problemas sociais do país, sei muito bem qual o momento
certo de mostrar minha opinião. E com certeza, não é agora. Erga a cabeça,
cante o Hino, e jogue, mas jogue mesmo, e se Deus quiser, traga a taça, porque
ganhar com uma parte da torcida contra é mais gostoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário